quarta-feira, 25 de maio de 2011

ROTEIRO PARA ESTUDOS DO CAPÍTULO 17 DO LIVRO DE GEOGRAFIA - II ANO

Olá, Turmas (2F ao 2J)

bom dia.

segue um roteiro para estudos do capítulo 17 do livro didático de geografia. Peço-lhes que repliquem nos blogs das turmas de vocês. Se preferirem, podem usar o arquivo que mandei para os e-mails dos representantes de turma, responsáveis pela manutenção do mesmo.

até.
Prof. Fábio Borges


ROTEIRO DE ESTUDOS: CAPÍTULO 17 – NORDESTE, NORDESTES

1. OS “NORDESTES”

O autor demonstra que a história da formação espacial do Nordeste foi marcada por, pelo menos, três diferentes princípios de regionalização do espaço: a) histórico e econômico; b) natural e c) político-administrativo.

1.1 HISTÓRICO-ECONÔMICO: 1. “nordeste açucareiro”, 2. “nordeste cacaueiro”, 3. “nordeste algodoeiro” e 4. “nordeste da pequena produção agrícola familiar”.

1.2 NATURAL: 1. “Zona da Mata” (litoral das planícies e tabuleiros): correspondia ao “nordeste do açúcar e do cacau”, 2. ”Sertão” (toda caatinga e cerrado (oeste baiano)): correspondia ao “latifúndio algodoeiro e pecuarista”, 3. “Agreste” (transição ecológica entre tropical úmido e semi-árido): região da pequena produção familiar em pequenas propriedades de terra, 4. “Meio-Norte” (parte ocidental do Piauí e o Maranhão: transição entre semi-árido e região equatorial).

1.3 POLÍTICO-ADMINISTRATIVO: surgiu com o advento da República Nova, sobretudo, com Getúlio Vargas e o projeto de modernização brasileiro, a partir da industrialização e urbanização, cujo centro de poder estava no Brasil Sudeste (sobretudo, São Paulo). Ou seja, aqui os critérios de divisão regional são elaborados pelo poder estatal.

- Recebeu apoio de estudos científico-interdisciplinares de várias áreas como engenharia, geografia, botânica, agronomia, etc. Partiram do suposto de que o problema que impedia o crescimento econômico e social do NE era causado pela seca. Também foi influenciado por modelos estrangeiros, como dos EUA, o (Tennessee Valley Authority (TVA).

- O autor faz crítica à geografia da época porque, ao definir a região segundo critérios naturais, mascarava os fundamentos políticos utilizados para sua divisão (segundo a região de planejamento).

- Os contrastes entre “os nordestes” refletiam as disputas e competições pelo poder econômico e político entre as várias elites oligárquicas fundiárias sobre a administração local, regional e nacional.

2. O NORDESTE E O PLANEJAMENTO REGIONAL

2.1 A SECA E A “INDÚSTRIA DA SECA”

1. 1877-1879: primeiro registro oficial das secas nordestinas. Primeira intervenção do governo (imperial) na tentativa de solução: construção do açude de Quixadá, no Ceará. Os açudes mais do que resolverem os problemas sociais, serviram para a consolidação da expansão das elites algodoeiras.

2. 1909: criação da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS) e de uma Política Hidráulica: construção de barragens, açudes, poços e estradas.

3. 1934: Governo Getúlio Vargas destina 4% dos recursos federais ao IFOCS, mas as elites algodoeiras encontravam-se em pleno declínio (crise de 1929).

4. 1945: IFOCS é transformado em DNOCS: a solução dos problemas da seca no Semi-árido do NE viria pelo estudo científico. Diagnóstico de que o problema da pobreza causada pela seca no NE mascarava as reais causas sociais dos problemas regionais, como, a concentração de terras nas mãos de poucos, exploração dos camponeses pobres pela via da agricultura e pecuária. Os coronéis nordestinos usaram do seu poder político para que os recursos do DNOCS fossem concentrados no “Polígono da Seca”, garantido que fossem os únicos beneficiados. Todo dinheiro do governo foi usado para beneficiar as grandes fazendas dessas oligarquias, não resolvendo os problemas dos camponeses pobres. DNOCS significou a captura do planejamento regional pela oligarquia cearense.

5. Em 1989 o conceito de “Polígono das Secas” é substituído por “Semi-árido Nordestino”.

6. 1946: 1% dos recursos ao DNOCS foi repassado às elites sertanejas da Bahia, através da CVSF para irrigação, abertura de estradas, construção de escolas e hospitais. A partir de 1960 os recursos foram concentrados na irrigação. Aí a CVSF dá lugar à SUVALE. Em 1974 a SUVALE dá lugar à CODEVASF.

7. CODEVASF: grandes obras de irrigação, valorização agrícola de importantes áreas do semi-árido baiano. A partir de 2000 a CODEVASF também atua no vale do rio Parnaíba, no PI e MA.

3. O IAA E A SALVAÇÃO DO AÇUCAR.

1. Desde o século XVIII a economia açucareira sofre retraimento com o deslocamento de investimentos para a região do Caribe. No século XIX outra retração se dá com o advento do café paulista, do vale do Paraíba e Oeste Paulista. No final do mesmo século, o desenvolvimento tecnológico revitalizou a economia, construindo usinas onde eram antigos engenhos, mas provocando êxodo rural, sobretudo, dos camponeses pobres, acarretando a concentração fundiária.

2. 1926: criação do Instituto de Defesa do Açúcar, para competir com o SE. Em 1933, cria-se o IAA. O IAA cria uma tabela de preços nacionais únicos baseados nas fazendas menos produtivas: garantiu-se a sobrevivência dos latifúndios do NE e permitiu grande enriquecimento dos fazendeiros do SE, porém reduziu a velocidade da produção destes, impedindo crescimento econômico real, afinal, a elite açucareira do NE estava em declínio desde o século XVIII, congelando no tempo a produção arcaica da Zona da Mata: MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA.

3. 1970: PRÓ-ALCÓOL: fortalece economia açucareira, porém, industrial de São Paulo. Apenas os usineiros de Alagoas e Pernambuco se beneficiam desse novo projeto governamental até 1980. Em 1990 IAA é extinto. A partir daí a economia açucareira retrocedeu em termos absolutos, consolidando a hegemonia paulista.

4. Nessa mesma época da crise açucareira, a Bahia do cacau também declinava, por conta da concorrência com os produtos africanos, desde 1960. O golpe fatal veio com a “vassoura-de-bruxa” (1980-90) que dizimou plantações e reduziu o valor da terra. Monopólio do cacau deu lugar à policultura agrícola (frutas tropicais e café) e/ou turismo rural.

4. O NORDESTE DA SUDENE

1. O NE atual, do ponto de vista do planejamento regional, é produto da integração nacional sob comando do Centro-Sul (urbano e industrial), criando uma relação entre centro (SE) e periferia (NE). O poder do SE sobre o NE se deu através da criação do Banco do Nordeste (BNB). O governo brasileiro, desde 1930, serviu para remover as estruturas arcaicas que impediam essa nova configuração regional, embora as elites oligárquicas do NE mantiveram seu poder regional sobre as terras e a estrutura dos Estados.

2. Governo de JK, 1957, cria um grupo de trabalho para desenvolver políticas econômicas para o NE, cujas metas foram: a) intensificar investimentos industriais, b) reforma agrárias das terras agricultáveis, c) modernização da agro-pecuária do semi-árido, e d) incorporação da fronteira agrícola maranhense. Daí nasceu, em 1960, a SUDENE que defendia a idéia de que a indústria, não a agropecuária, seria o caminho para solucionar os problemas do NE, porém, ofertando investimentos às indústrias do SE (paradoxo). Fizeram parte da SUDENE: norte de MG e do ES. A SUDENE significou a submissão da economia do NE à economia do SE.

4.1 – A MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA

1. No início, a SUDENE significou ameaça ao latifúndio, sobretudo, da Zona da Mata, por propor reforma agrária. Porém, o Golpe Militar de 1964 eliminou a ameaça da possível reforma agrária. As reformas propostas pela SUDENE foram abandonadas durante a ditadura militar, embora a industrialização do NE tenha continuado, através de incentivos fiscais, para que indústrias do Centro-Sul migrassem para o NE (aproveitando mão-de-obra barata e as usinas construídas de produção de energia). BAHIA: construção do pólo petroquímico de Camaçari; e das indústrias de bens de consumo duráveis em Aratu. SERGIPE: indústrias de fertilizantes. ALAGOAS: indústria de sal-gema. PERNAMBUCO: bens de consumo duráveis. CEARÁ: pólo têxtil em Fortaleza, autônoma. SUDENE fez do NE região industrial periférica submetida (e dependente) ao capital do SE.

2. TEORIA DOS PÓLOS DE DESENVOLVIMENTO: acreditava-se que a instalação de estruturas produtivas modernas em um determinado ponto do espaço geográfico iria, por si, provocar o crescimento de todo o seu entorno, forçando as mudanças regionais desejadas. A SUDENE aí contribuiu para a industrialização concentrada apenas no entorno das principais aglomerações urbanas do NE litorâneo, acelerando o crescimento demográfico metropolitano que atraiu migrantes do interior.

3. Embora a SUDENE tenha contribuído para o crescimento do NE nos anos de 1960 e entre 1975-85, não resolveu o problema da desigualdade econômica e social, seja regional, seja nacional.

5. O NORDESTE E A GLOBALIZAÇÃO

1. A SUDENE se desenvolveu dentro dos marcos do Modelo de Substituição de Importações (de Getúlio a JK), segundo o projeto de proteção da economia nacional, do mercado interno.

2. Em 1990 a abertura da economia à concorrência internacional pôs fim ao modelo GV-JK e exigiu novas intervenções econômicas no NE: 1. Descentralização de investimentos na indústria, apoiando projetos agrícolas (frutas) e turismo (setor de serviços: litoral, sertão e agreste); 2. Infraestrutura: companhias telefônicas, elétricas, saneamento e abastecimento de água, transporte, refino de petróleo (disputado entre Ceará e Pernambuco).

3. O planejamento regional do NE vincula a região agora aos mercados globalizados mundiais. Em 2001, FHC extingue a SUDENE e cria a Agência de Desenvolvimento do Nordeste (ADENE), aumentando o controle federal sobre a região, diminuindo o poder oligárquico regional. Porém, o governo Lula recria a SUDENE.

5.1 – O NOVO CICLO INDUSTRIAL

1. A partir de 1990: economia voltada à produção de bens de consumo não-duráveis: têxtil, confecção, calçados, valorizando a antiga produção regional (capital internacional e do centro-sul brasileiro), ex: Baturité em Fortaleza, porém, o mercado interno voltou-se à exportação. Usou matéria-prima importada e o processo produtivo foi terceirizado através de cooperativas de costureiras regionais financiadas pelo BNB, pelos governos estaduais e prefeituras. O baixo custo de produção assegurou alta competitividade, por exemplo, com a produção chinesa. A atual reorganização da indústria regional reflete a inserção da economia do NE no contexto globalizado, implicando nova Divisão Regional do Trabalho (DRT).

2. Ao mesmo tempo, o setor químico (petróleo e sal-gema) organiza-se com capitais extra-regionais cuja produção é destinada ao centro-sul brasileiro.

5.2 – OS PÓLOS DA AGROINDÚSTRIA EMPRESARIAL

1. Do que foi a produção agrícola da Zona da Mata restou apenas o pólo de frutas cítricas do Sergipe.

2. A modernização da agropecuária do NE é seletiva: bacias leiteiras, pólos de fruticultura irrigada (semi-árido) e cultura de grãos do cerrado (BA). O Agreste estruturou-se sobre a pequena produção de alimentos, mas a pecuária comercial (corte e leite) provocou mudanças na Paraíba e Pernambuco, tais como: concentração fundiária, retração da economia familiar, êxodo rural e redução de produção para mercado local (lenta dissolução da estrutura econômico do Agreste). Ex: bacia leiteira de Alagoas que passou a abastecer as grandes cidades nordestinas.

3. Concentração fundiária é ainda o traço mais evidente da estrutura econômico do NE. O semi-árido sofreu profundas mudanças por causa da crise da economia do algodão, com repercussões na pecuária e na pequena agricultura.

4. No interior da Caatinga obras rodoviárias e de irrigação estimularam o surgimento de pólos de produção de frutas tropicais para exportação internacional e para o centro-sul. Ex: Pólo Petrolina-Juazeiro. O dinamismo da economia local atraiu fábricas de alimentos, equipamentos agrícolas, fertilizantes, rações, embalagens, materiais de construção e bens de capital.

5. A irrigação permitiu crescimento de pólos como: baixo Jaguaribe (arroz) e Cariri no Ceará (milho e feijão); Paraíba (coco). Nas bordas do semi-árido (no cerrado do oeste baiano e sul do MA e PI): produção mecanizada de soja, milho, arroz e feijão, bem como fábricas de processamento de frigoríferos e de soja.

5.3 – AS ÁGUAS DO SÃO FRANCISCO

1. Desde a colonização as margens do São Francisco foram ocupadas pelas fazendas de gado. No século XIX introduziram-se os barcos-a-vapor fazendo do rio eixo de circulação entre interior e litoral. “Rio da Unidade Nacional”. No pós-guerra o rio passou a ser utilizado para produção de energia, secundarizando a atividade de navegação, principalmente, com a construção de estradas atravessando-o e que ligavam Belo Horizonte e Salvador ao interior do país.

2. Atualmente, existe projeto de transposição do Rio São Francisco, canalizando águas para Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, assemelhando-se ao projeto hidráulico pensado desde o Brasil Imperial, mesmo que superficiais, pois, o projeto não irá beneficiar a mesma oligarquia sertaneja do algodão e da pecuária. Agora irá beneficiar os projetos agroindustriais de irrigação. Os antigos coronéis deram espaço aí aos complexos globalizados do agronegócio.

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